segunda-feira, 28 de junho de 2010

Comporte-se

Líderes inspiram-se na própria história


Se você quer conhecer o que um líder é de verdade, uma pista: vá trás de sua história familiar

Howard Schultz, fundador da rede de cafeterias Starbucks, tinha 7 anos quando, depois de brincar, entrou no apartamento da família em Nova York e encontrou seu pai deitado no sofá com a perna engessada. Motorista de um caminhão de entregas, ele havia escorregado no gelo e quebrado o tornozelo. Perdeu o emprego e os benefícios da assistência médica da família. Para piorar, não se pagava indenização aos empregados naquela época, 1961. A pedido da mãe, temerosa dos credores, Howard atendia sempre o telefone e dizia que os pais não estavam. A memória dessas dificuldades o levaram a criar a primeira empresa americana a oferecer assistência médica para os empregados temporários.

Schultz falou de sua infância a Bill George, professor da Harvard Business School, e ao consultor Peter Sims, que ouviram relatos das vidas de outros 124 líderes de negócios para escrever Confie em Você, recém-lançado em português. As entrevistas levaram os autores a concluir que é bobagem descobrir características comuns entre os líderes, como fazem alguns pesquisadores dos negó-cios. O único traço que une esses profissionais é o fato de se inspirarem na história de suas vidas e serem fiéis a seus princípios. “Apesar de outras pessoas poderem orientá-lo ou influenciá-lo, a sua verdade se origina de sua história, e só você pode conhecê-la”, afirmam.

Entre os executivos que relatam experiências marcantes de sua vida está o suíço Daniel Vasella, CEO do laboratório Novartis. Aos 8 anos, teve tuberculose seguida de meningite. Foi mandado para um sanatório que ficava distante da cidadezinha onde mora-va a família. Sofria com a solidão e a forma violenta como as enfermeiras o seguravam na hora das injeções. Até que um novo médico chegou ao sanatório e, antes de dar a injeção, explicou como seria o procedimento. Vasella perguntou se poderia segurar a mão da enfermeira em vez de ser agarrado. Sim, podia. “O incrível é que daquela vez não doeu”, diz. Abraçou então o médico. “Esses gestos de compaixão me tocaram profundamente e me ajudaram a definir o tipo de pessoa que queria ser”, diz Vasella, que se formou em medicina.

Não são apenas os eventos nos primeiros anos de vida que determinam o caráter de um líder. Dan Schulman, CEO da Virgin Mobi-le, conta que antes da morte de uma irmã só pensava em crescer na AT&T, onde trabalhava. “Apenas o topo me preocupava, apesar da minha insegurança”, diz. Numa rara confissão entre executivos, diz que costumava assumir o crédito por coisas que não havia feito. Quando a irmã morreu, tomou uma decisão: “Vou ser quem eu sou”. Começou a passar mais tempo com os pais e deixou de pensar em subir dentro da empresa. “Como um verdadeiro líder de equipe, eu passei a me concentrar unicamente em fazer o traba-lho da melhor maneira possível, sem me preocupar com a opinião dos outros.” O paradoxo é que, de repente, sua carreira começou a decolar.

Os autores acreditam que um líder precisa manter sua autenticidade, apesar de muitas empresas se esforçarem para que os mais jovens adotem um determinado estilo de liderança. Jack Welch, ex-CEO da GE, e Jim Burke, da Johnson & Johnson, estão entre os que se recusaram a aceitar essa imposição e pediram demissão logo no primeiro ano. Executivos que apostavam em seus talentos os trouxeram de volta.
Por Época Negócios , edição de 20/01/2009.

Fernando Hudzinski
Aluno 1° período ADM

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