Programas de disque-denúncia de empresas ajudam a combater deslizes éticos. E revelam o lado obscuro dos ambientes de trabalho
Por Melina Costa
22.03.2007- Revista EXAME -
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A iniciativa da empresa -- e de outras que vêm adotando esse tipo de programa -- é a reação a um fato. Uma pesquisa realizada há três anos pela consultoria KPMG demonstra que funcionários são autores da maior parte das fraudes empresariais -- quase 60% dos casos, de acordo com os entrevistados. Segundo a Association of Certified Fraud Examiners, organização que combate crimes do colarinho branco nos Estados Unidos, as fraudes corroeram cerca de 5% do faturamento das empresas americanas no ano passado. Corporações que implantaram as chamadas linhas éticas diminuíram o prejuízo pela metade. Além disso, essas companhias tiveram outros ganhos, mais difíceis de ser medidos. Acrescentar o ingrediente ética à imagem costuma agradar consumidores e, especialmente, investidores. As empresas que compõem o índice Dow Jones de sustentabilidade -- no qual os códigos de conduta contam pontos -- apresentam desempenho consistentemente superior às demais. Nos últimos cinco anos, por exemplo, as ações dessas empresas tiveram valorização 3% maior que as de empresas convencionais.
A linha ética da Philips chama a atenção por ter sido uma das pioneiras no Brasil -- e por ter se ramificado pelo mundo a partir daqui. "Na época da implantação, nossa preocupação era a corrupção. Os países da América Latina não estão bem colocados nos rankings mundiais sobre o assunto. A linha foi uma tentativa de a empresa se proteger dessa situação", diz Ricardo Turra, vice-presidente de auditoria da divisão de sistemas médicos da Philips. Turra ajudou a implantar o programa no país e hoje trabalha na filial americana da empresa. Uma central de atendimento terceirizada sediada nos Estados Unidos atende os funcionários em 100 línguas diferentes e se encarrega de encaminhar as denúncias à empresa. Ao registrá-la, o funcionário recebe uma senha e pode acompanhar -- também de maneira anônima -- o resultado das investigações. Todos os casos relatados passam por um processo de investigação que dura em média dois meses e é feito por um grupo de pessoas treinadas para esse fim. Caso o comitê julgue o denunciado culpado pelo deslize, discute-se a forma de punição. Todos os processos são reavaliados por um comitê revisor sediado na Holanda -- uma espécie de STJ corporativo. "Não são raros os casos em que decisões são retificadas", diz Turra.
Desvios de conduta Prejuízo a clientes Um funcionário administrativo mandava com freqüência mensagens pessoais contendo vídeos para colegas de empresas clientes. O problema é que as mensagens, enviadas pelo e-mail corporativo, continham arquivos pesados, que demoravam para ser baixados e costumavam travar o computador de quem os recebia. A empresa de um dos destinatários entrou em contato com a Philips e pediu que o funcionário parasse de enviar os e-mails, que estavam causando lentidão no sistema de computadores.
Adotar políticas como a linha ética da Philips é uma atitude que exige uma grande dose de comprometimento e tem custos não financeiros. Os especialistas no assunto alertam para a possibilidade de se criar um ambiente de trabalho hostil, um clima de "caça às bruxas", já que na prática a maior parte das denúncias de funcionários tem a ver com questões pessoais de relacionamento com colegas e chefes. Na Philips, por exemplo, 70% das denúncias recebidas são consideradas sem fundamento. O temor de perseguições -- de parte a parte -- impediu que a empresa implantasse o programa na França e na Alemanha. A principal reclamação é que os funcionários seriam pressionados a denunciar seus colegas. O mesmo problema foi enfrentado pelo Wal-Mart com os alemães -- quando ainda operava no país. A maior rede de varejo do mundo tentou implantar um disque-denúncia, mas foi impedida judicialmente. No Brasil, o sistema foi adotado pelo Wal-Mart há dois anos. "De fato, alguns funcionários podem sentir desconforto. Mas o valor desse tipo de programa já está sendo percebido pela sociedade", diz Werner Scharrer, sócio da consultoria KPMG no Brasil.
Comentário da Aluna:
Apesar da data dessa reportagem publicada na revista Exame ser no ano de 2007, é muito interessante o que ali está abordado. Aproveitando o ultimo tema discutido pela equipe de estudos dirigidos em sala, ela trata de vários casos de desvios de conduta éticas decorrentes dentro das organizações. Pequenas coisas eu fazem muita diferença se somadas ao final de um período. Para tentar corrigir esses desvios, a Philips desenvolveu um canal de comunicação, mais conhecido como o programa batizado de One Philips Ethics Line, um verdadeiro “Disque-Denúncia” que permite ao funcionário denunciar atos antiéticos praticados por seus colegas. Uma pesquisa realizada há três anos pela consultoria KPMG demonstra que funcionários são autores da maior parte das fraudes empresariais -- quase 60% dos casos, de acordo com os entrevistados. Pesquisas mostram que empresas
Francielle Dayana Lamaur
1° Período ADM
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